Uma dança, não um jogo ou uma luta.
E também sem regras. Ou melhor, com milhares delas. Nada cartesianas.
Esqueça tudo o que já viu. Reprograme a sua mente.
O trânsito de Saigon (atual Ho Chi Minh) é uma autêntica torre de babel na horizontal. São cerca de 8 milhões de pessoas e 4 milhões de motos e assemelhados.
Nas ruas, um formigueiro de vespas, scooters, triciclos, bicicletas motorizadas, motos, carros, ônibus, todos praticando o esporte nacional: a buzina!
O impressionante é que o trânsito funciona. O número de acidentes é relativamente pequeno para a quantidade de loucuras, no padrão ocidental.
Ficar observando esse movimento na hora do rush pode ser bem pedagógico.
Nesse aparente caos pode-se perceber claramente que as pessoas (sim, existem seres humanos presumivelmente sensatos pilotando esses veículos) têm muita:
. coragem, pra entrar abruptamente nas ruas sem conferir o fluxo;
. confiança, de que vai dar certo;
. determinação, pra não esmorecer com os inúmeros volteios;
. flexibilidade, para aceitar as mudanças de itinerário;
. aceitação, com tantos movimentos imprevisíveis do "formigueiro", com veículos aparecendo abruptamente na contramão e nas diagonais;
. entrega, para o fluxo cotidiano sem abandonar os próprios objetivos do percurso, o ponto de chegada.
Quem nunca viu algo parecido na vida não pode ter ideia dessa dança exótica.
Um tipo de expressão artística com criatividade e improviso, que depende da interação harmoniosa entre parceiros.
Como se houvesse uma gigantesca mão invisível (como a do Adam Smith) dirigindo "por atacado" os movimentos individuais, dessincronizados.
Forçando uma metáfora, será que na nossa vida, com tantas dualidades, avanços e retrocessos, existe também uma mão invisível nos conduzindo para algo maior, misterioso?
Uma força divina, espiritual e cósmica que nos está levando para a nossa Casa?
Eu confesso ainda estar confuso. Mas quero acreditar que tem um grande sentido em tudo isso.
E você? Em que acredita?
Eu, sem dúvida, acredito nessa força a nos guiar!
ResponderExcluirParabéns, amigo Arnaldo, por mais esse texto. Divulgarei no blog O Bem Viver. Senti apenas você não ter ilustrado a postagem com alguma(as) foto(s).
Abração e bem-vindo de volta.