sexta-feira, 1 de abril de 2016

Uma dança do improviso, o trânsito em Saigon

Uma dança, não um jogo ou uma luta.

E também sem regras. Ou melhor, com milhares delas. Nada cartesianas.

Esqueça tudo o que já viu. Reprograme a sua mente.

O trânsito de Saigon (atual Ho Chi Minh) é uma autêntica torre de babel na horizontal. São cerca de 8 milhões de pessoas e 4 milhões de motos e assemelhados.

 Nas ruas, um formigueiro de vespas, scooters, triciclos, bicicletas motorizadas, motos, carros, ônibus, todos praticando o esporte nacional: a buzina!

O impressionante é que o trânsito  funciona. O número de acidentes é relativamente pequeno para a quantidade de loucuras, no padrão ocidental.

Ficar observando  esse movimento na hora do rush pode ser bem pedagógico.

Nesse aparente caos pode-se perceber claramente que as pessoas (sim,  existem seres humanos presumivelmente sensatos pilotando esses veículos) têm muita:

. coragem, pra entrar abruptamente nas ruas sem conferir o fluxo;

. confiança, de que vai dar certo;

. determinação, pra não esmorecer com os inúmeros volteios;

. flexibilidade, para aceitar as mudanças de itinerário;

. aceitação,  com tantos movimentos imprevisíveis do "formigueiro", com veículos aparecendo abruptamente na contramão e nas diagonais;

. entrega, para o fluxo cotidiano sem abandonar os próprios objetivos do percurso, o ponto de chegada.

Quem nunca viu algo parecido na vida não pode ter ideia dessa dança exótica.

Um tipo de expressão artística com criatividade e improviso, que depende da interação harmoniosa entre parceiros.

Como se houvesse uma gigantesca mão invisível (como a do Adam Smith) dirigindo "por atacado" os movimentos individuais,  dessincronizados.

Forçando uma metáfora, será que na nossa vida, com tantas dualidades, avanços e retrocessos, existe também uma mão invisível nos conduzindo para algo maior, misterioso?

Uma força divina, espiritual e cósmica que nos está levando para a nossa Casa?

Eu confesso ainda estar confuso. Mas quero acreditar que tem um grande sentido em tudo isso.

E você? Em que acredita?

Um comentário:

  1. Eu, sem dúvida, acredito nessa força a nos guiar!
    Parabéns, amigo Arnaldo, por mais esse texto. Divulgarei no blog O Bem Viver. Senti apenas você não ter ilustrado a postagem com alguma(as) foto(s).
    Abração e bem-vindo de volta.

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